Por Camila, para o E-tribuna
Fetiches sempre existiram, mas raramente foram tão visíveis e debatidos como agora. Com o avanço das redes sociais, plataformas de conteúdo adulto e uma geração mais aberta ao diálogo sobre sexualidade, práticas antes tidas como “desvios” ou “perversões” ganham espaço e reconhecimento. No entanto, o preconceito ainda persiste, muitas vezes mascarado de moralismo ou patologização. Neste artigo, vamos explorar o cenário atual dos fetiches no Brasil, os desafios enfrentados por quem os vivencia e os caminhos possíveis para uma sexualidade mais livre e consciente.Wikipédia, a enciclopédia livre
O que são fetiches?
Fetiches são interesses ou práticas sexuais que envolvem excitação por objetos, partes do corpo, situações ou dinâmicas específicas. Eles fazem parte das chamadas parafilias, que, segundo a sexóloga Graziela Chantal, são “intensos interesses sexuais considerados não convencionais, mas que não necessariamente são patológicos” O TEMPO. A diferença entre uma parafilia e um transtorno parafílico está no impacto que essa prática tem na vida do indivíduo e de seus parceiros. Quando a prática causa sofrimento ou prejuízo significativo, pode ser considerada um transtorno.
Fetiches mais comuns entre os brasileiros
Uma pesquisa realizada pela plataforma Gleeden revelou que 95% dos brasileiros têm algum tipo de fetiche, mas apenas 4% já realizaram todos eles Gleeden Pressroom. Entre os fetiches mais populares estão:
- Voyeurismo: 33% dos entrevistados demonstraram interesse em observar outras pessoas em situações íntimas.
- Exibicionismo: Também com 33%, muitos têm o desejo de serem observados durante o ato sexual.
- Podolatria: A atração por pés é um dos fetiches mais comuns, especialmente entre os homens .
- BDSM: Práticas que envolvem dominação, submissão, bondage e sadomasoquismo têm ganhado cada vez mais adeptos.Gleeden Pressroom+2O GLOBO+2Tudo Em Dia+2Wikipédia, a enciclopédia livre+1Tudo Em Dia+1O TEMPO+1Tudo Em Dia+1
Apesar da alta prevalência, muitos ainda mantêm seus fetiches em segredo, temendo julgamento ou rejeição.
O preconceito e a patologização dos fetiches
Mesmo com a crescente visibilidade, os fetiches ainda são alvo de preconceito, inclusive por parte de profissionais da saúde. A sexóloga Graziela Chantal destaca que “enquanto as preferências sexuais convencionais são vistas como ‘normais’, as parafilias são entendidas como interesses sexuais ‘anormais’, gerando estigmatização” .O TEMPO+1Reddit+1
Esse preconceito é perpetuado por definições preconceituosas em dicionários e plataformas online, que associam fetiches a termos como “mórbido” ou “psicopatologia” . Essa visão distorcida contribui para a marginalização de práticas consensuais e saudáveis.Metrópoles | O seu portal de notícias
A importância do consentimento e da comunicação
Para que a prática de fetiches seja saudável, é fundamental que haja consentimento mútuo e comunicação aberta entre os parceiros. O diálogo sobre desejos, limites e expectativas é essencial para garantir que todos se sintam confortáveis e respeitados.
Além disso, é importante buscar informações e, se necessário, apoio profissional para compreender melhor os próprios desejos e como integrá-los de forma segura e consensual na vida sexual.
Fetiches e a cultura brasileira
A cultura brasileira, marcada por uma mistura de influências religiosas e sociais, tem uma relação ambígua com a sexualidade. Enquanto o país é conhecido por sua sensualidade e festas como o Carnaval, ainda existe uma forte repressão a práticas sexuais consideradas “fora do padrão”.
O antropólogo Richard Parker, em sua obra “Corpos, Prazeres e Paixões”, analisa como a sexualidade no Brasil é moldada por uma série de fatores históricos e culturais, que muitas vezes resultam em uma moralidade contraditória Wikipédia, a enciclopédia livre.
A influência da mídia e das redes sociais
A mídia e as redes sociais têm desempenhado um papel significativo na visibilidade dos fetiches. Plataformas como TikTok, Instagram e Twitter têm comunidades dedicadas a discutir e compartilhar experiências relacionadas a práticas fetichistas. Essa exposição tem contribuído para a normalização e aceitação dessas práticas, embora também possa gerar críticas e julgamentos.
É importante que essas discussões sejam conduzidas com responsabilidade, enfatizando a importância do consentimento, da segurança e do respeito mútuo.
Caminhos para uma sexualidade mais livre e consciente
Para avançarmos em direção a uma sexualidade mais livre e consciente, é necessário:
- Educação sexual abrangente: Incluir discussões sobre diversidade sexual e práticas fetichistas de forma informativa e sem julgamentos.
- Capacitação de profissionais da saúde: Garantir que médicos, psicólogos e terapeutas estejam preparados para lidar com questões relacionadas a fetiches de maneira ética e sem preconceitos.
- Espaços seguros de diálogo: Criar ambientes onde as pessoas possam compartilhar e discutir seus desejos sem medo de julgamento.
- Desconstrução de estigmas: Trabalhar para eliminar as associações negativas e patologizantes relacionadas aos fetiches.
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