Fetiches em Alta: Entre o Preconceito e a Liberdade Pessoal

Por Camila, para o E-tribuna

Fetiches sempre existiram, mas raramente foram tão visíveis e debatidos como agora. Com o avanço das redes sociais, plataformas de conteúdo adulto e uma geração mais aberta ao diálogo sobre sexualidade, práticas antes tidas como “desvios” ou “perversões” ganham espaço e reconhecimento. No entanto, o preconceito ainda persiste, muitas vezes mascarado de moralismo ou patologização. Neste artigo, vamos explorar o cenário atual dos fetiches no Brasil, os desafios enfrentados por quem os vivencia e os caminhos possíveis para uma sexualidade mais livre e consciente.​Wikipédia, a enciclopédia livre


O que são fetiches?

Fetiches são interesses ou práticas sexuais que envolvem excitação por objetos, partes do corpo, situações ou dinâmicas específicas. Eles fazem parte das chamadas parafilias, que, segundo a sexóloga Graziela Chantal, são “intensos interesses sexuais considerados não convencionais, mas que não necessariamente são patológicos” O TEMPO. A diferença entre uma parafilia e um transtorno parafílico está no impacto que essa prática tem na vida do indivíduo e de seus parceiros. Quando a prática causa sofrimento ou prejuízo significativo, pode ser considerada um transtorno.​


Fetiches mais comuns entre os brasileiros

Uma pesquisa realizada pela plataforma Gleeden revelou que 95% dos brasileiros têm algum tipo de fetiche, mas apenas 4% já realizaram todos eles Gleeden Pressroom. Entre os fetiches mais populares estão:​

Apesar da alta prevalência, muitos ainda mantêm seus fetiches em segredo, temendo julgamento ou rejeição.​


O preconceito e a patologização dos fetiches

Mesmo com a crescente visibilidade, os fetiches ainda são alvo de preconceito, inclusive por parte de profissionais da saúde. A sexóloga Graziela Chantal destaca que “enquanto as preferências sexuais convencionais são vistas como ‘normais’, as parafilias são entendidas como interesses sexuais ‘anormais’, gerando estigmatização” .​O TEMPO+1Reddit+1

Esse preconceito é perpetuado por definições preconceituosas em dicionários e plataformas online, que associam fetiches a termos como “mórbido” ou “psicopatologia” . Essa visão distorcida contribui para a marginalização de práticas consensuais e saudáveis.​Metrópoles | O seu portal de notícias


A importância do consentimento e da comunicação

Para que a prática de fetiches seja saudável, é fundamental que haja consentimento mútuo e comunicação aberta entre os parceiros. O diálogo sobre desejos, limites e expectativas é essencial para garantir que todos se sintam confortáveis e respeitados.​

Além disso, é importante buscar informações e, se necessário, apoio profissional para compreender melhor os próprios desejos e como integrá-los de forma segura e consensual na vida sexual.​


Fetiches e a cultura brasileira

A cultura brasileira, marcada por uma mistura de influências religiosas e sociais, tem uma relação ambígua com a sexualidade. Enquanto o país é conhecido por sua sensualidade e festas como o Carnaval, ainda existe uma forte repressão a práticas sexuais consideradas “fora do padrão”.​

O antropólogo Richard Parker, em sua obra “Corpos, Prazeres e Paixões”, analisa como a sexualidade no Brasil é moldada por uma série de fatores históricos e culturais, que muitas vezes resultam em uma moralidade contraditória Wikipédia, a enciclopédia livre.​


A influência da mídia e das redes sociais

A mídia e as redes sociais têm desempenhado um papel significativo na visibilidade dos fetiches. Plataformas como TikTok, Instagram e Twitter têm comunidades dedicadas a discutir e compartilhar experiências relacionadas a práticas fetichistas. Essa exposição tem contribuído para a normalização e aceitação dessas práticas, embora também possa gerar críticas e julgamentos.​

É importante que essas discussões sejam conduzidas com responsabilidade, enfatizando a importância do consentimento, da segurança e do respeito mútuo.​


Caminhos para uma sexualidade mais livre e consciente

Para avançarmos em direção a uma sexualidade mais livre e consciente, é necessário:​

  1. Educação sexual abrangente: Incluir discussões sobre diversidade sexual e práticas fetichistas de forma informativa e sem julgamentos.
  2. Capacitação de profissionais da saúde: Garantir que médicos, psicólogos e terapeutas estejam preparados para lidar com questões relacionadas a fetiches de maneira ética e sem preconceitos.
  3. Espaços seguros de diálogo: Criar ambientes onde as pessoas possam compartilhar e discutir seus desejos sem medo de julgamento.
  4. Desconstrução de estigmas: Trabalhar para eliminar as associações negativas e patologizantes relacionadas aos fetiches.​

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